ENTREVISTA A DIOGO SEPÚLVEDA, CABO DO GFA SANTARÉM
O Campo Pequeno esteve à conversa com Diogo Sepúlveda, cabo do GFA Santarém, sobre a Corrida do Centenário, a 24h da corrida do Centenário, esta quinta-feira, e sobre o significado dos 100 anos do Grupo.
Como está o espírito do Grupo nesta temporada em que se celebra o Centenário?
Este centenário é algo que tem vindo
a ser preparado e, para os forcados actuais e passados, é algo ansiado e muito
especial. Olhando para trás, penso que há 100 anos, um rapaz com 16 anos, ao
formar um grupo de forcados, o senhor António Abreu, que vinha do grupo de
profissionais do Ribatejo, criou o primeiro grupo de amadores, que estava
fundado em algo novo, em valores diferentes, como o espírito de família, a
amizade, a solidariedade, a entrega e emoção. Imagino que nunca pensou que este
grupo teria um impacto tão grande na história da tauromaquia e que, 100 anos
depois, ainda cá estaríamos.
Pensar que o Grupo manteve até hoje a sua autenticidade e valores, pegando
todos os tipos de toiros ao logo da sua história, tendo transformado a forma
como se pegam toiros, com a grande influência de Fernando Mascarenhas, que
começou a citar os toiros de praça a praça, elevando a pega à categoria de
arte. Foi por influencia do GFAS que o espirito do forcado amador se impôs e
foi seguido pelos demais grupos.
Neste grupo as jaquetas passaram de mão em mão, dentro de várias famílias, com
forcados que tiveram os seus pais, avós e mesmo bisavós a pegarem no Grupo, o
que o torna uma grande instituição.
É um sentimento de orgulho que nos invade por fazermos parte da história da
tauromaquia e de darmos a cara pela cultura portuguesa. É um pouco de tudo isto
que nos invade nesta temporada e nos deixa um grande sorriso na cara.
Que significado atribui à condecoração
da parte da Presidência de República, quer para o Grupo, quer para a figura do
Forcado?
É mais um dos motivos que nos enche de orgulho, a todos os forcados amadores.
Nos dias que correm, numa sociedade que, por vezes, se afasta dos seus valores
culturais, é um orgulho ver a Presidência da República reconhecer publicamente
a importância da figura do Forcado e do Grupo de Santarém, o que já acontece
pela terceira vez, depois das condecorações do Presidente Américo Tomás e Mário
Soares, aquando do 50 e 75 anos do Grupo. É um reconhecimento aos 100 anos que
passaram mas também um incentivo para os próximos 100, sempre defendendo a
cultura portuguesa e figura do forcado amador. E
para a corrida de amanhã, no Campo Pequeno, qual a vossa expectativa?Não se pode pedir um cartel mais atrativo. Cavaleiros de
máxima competição, com Pablo, a máxima figura espanhola, e o João Moura Júnior
e e João Ribeiro Telles, que são já figuras do nosso toureio, frente a um curro
de David Ribeiro Telles, que está pesado e muito bem apresentado. O Grupo vai
encerrar-se com 6 toiros, numa praça que se espera cheia, pelo que não vão
faltar motivos de atractividade para uma corrida de sucesso e para criar
aficionados.Uma
mensagem para o futuro?
Esta data não era uma meta. Estes são somente os primeiros 100 anos do
Grupo, como diz o livro que foi lançado sobre o centenário do Grupo. São só os
primeiros 100 anos, pois vamos continuar a estar cá para dar a cara pela
cultura portuguesa, para continuar a viver os valores do forcado amador, para
defender a pega como uma arte, respeitando sempre todos: toiros, toureiros e o
público.
Entrevista a Diogo Sepúlveda
disponível no site do Campo Pequeno em www.campopequenotauromaquia.com/noticias.php?id=173 "Estes são somente os primeiros 100 anos